Considerações sobre o
conceito de Educação
Hoje decidi tecer algumas considerações sobre o
conceito de Educação, visto que como já vimos anteriormente, no projeto da tecnologia tradicional do linho, iremos abordar as Metas Curriculares do Ensino Básico, quer da Educação Tecnológica, quer da Educação Visual.
Entendemos por
«Educação» o “processo
que visa o desenvolvimento harmónico do ser humano nos seus aspetos
intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade”; o “processo de aquisição de conhecimentos e aptidões”; a
“instrução”; e ainda a “adoção de comportamentos e atitudes correspondentes aos
usos socialmente tidos como corretos e adequados; cortesia; polidez” (Definição de «Educação» segundo o Dicionário Online da Porto Editora, Infopédia).
Analisando o
conceito etimologicamente,
“Educação
é a forma nominalizada do verbo educar. Aproveitando a contribuição de
Romanelli (1960), diremos que educação veio do verbo latim «educare». Nele,
temos o prevérbio e- e o verbo – «ducare, ducere». No itálico, donde proveio o
latim, «ducere» se prende a raiz indo-europeia DUK-, grau zero da raiz DEUK-,
cuja aceção primitiva era levar, conduzir, guiar. «Educare», no latim, era um
verbo que tinha o sentido de “criar (uma criança), nutrir, fazer crescer.
Etimologicamente, poderíamos afirmar que educação, do verbo educar, significa
“trazer a luz a ideia” ou filosoficamente fazer a criança passar da potencia ao
ato, da virtualidade a realidade.” (Martins, 2005, p. 33) .
Se atendermos
apenas a estes conceitos parece ser percetível e ajuizada esta definição geral porque
se enquadra naquilo que, no senso-comum, se entende realmente quando há
referência a este conceito.
Cada criança é
um indivíduo único, com um nível de desenvolvimento próprio que depende das
suas capacidades, dos seus interesses, da influência cultural e social que tem,
dos padrões de aprendizagem a que é submetido e do seu comportamento. Se
algumas crianças retêm melhor o que ouvem ou preferem trabalhar
individualmente, outras conservam aquilo que veem e aprendem melhor em grupo, e
o mesmo se aplica a muito mais exemplos. Se todas aprendem de forma diferente,
os métodos de ensino e aprendizagem devem apropriar-se a cada aprendizagem.
Segundo a «IICBA’s
Electronic Library» da
Unesco, existem três formas distintas pelas quais as pessoas se podem relacionar
umas com as outras: podem agir individualmente sem nunca interagirem com o
outro, podem competir para ver quem é o melhor ou podem trabalhar
colaborativamente para atingirem objetivos comuns. As três formas de
aprendizagem referidas denominam-se por competitiva, individualista e
cooperativa.
“A competição é
baseada numa escassez concebida e em comparações sociais. Quando se exige a
competição entre os alunos, estes trabalham um contra o outro para realizar uma
meta que apenas um ou pouco alunos podem realizar. Esforços individualistas são
baseados na independência e no isolamento dos outros. Assim, quando os alunos
trabalham individualmente, aprendem a realizar metas de aprendizagem não
relacionadas as dos outros. Por último, a cooperação e baseada em ações
conjuntas para realizar objetivos mútuos. Quando estiverem a cooperar, os
alunos procuram resultados que sejam benéficos tanto para si próprios, como
para outros membros do grupo” (Johnson & Johnson, 1994, citado por
Gonçalves, 2007, p. 164).
Alguns métodos e
atividades de ensino são particularmente úteis na estruturação de esforços
competitivos, individualizados e cooperativos de aprendizagem. Estes incluem
práticas de trabalho em grupo, competição intergrupal, trabalho individualizado
e aprendizagem ativa, entre outras. Entende-se por aprendizagem ativa a
experimentação direta e imediata das aprendizagens que o aluno faz. De acordo
com este método, as atividades propostas pelo professor permitem ao aluno
aprender por sua própria iniciativa, uma vez que é ele que controla o processo
– “o professor torna-se um
observador-participante que
impulsiona o desenvolvimento
cognitivo do aluno, uma vez que os interesses e capacidades deste serão tanto mais promovidos quanto mais relevante
for o seu papel na interação dos elementos da aprendizagem” (Ornelas, 2008, p. 2) (Oliveira,
1996, citado por Ornelas, 2008, p. 2). Dão-se
primazia a processos de procura e
descoberta, nas mais variadas situações, e as informações detidas pelo aluno
surgem dentro de uma organização cognitiva construída por ele próprio, que lhe
permitem pesquisar as informações necessárias, trabalhá-las e modificá-las,
levantar hipóteses e tomar decisões.
“A relação da escola com entidades externas possibilita
aos alunos uma perceção da realidade movida pela oportunidade de experimentar e
descobrir de forma autónoma, abrindo caminho a aquisição de conceitos,
aquisição esta que estará dependente dos seus atos de descoberta e poderá
conduzir ao sucesso escolar. Como estratégia, as visitas de estudo devem ser
contempladas na definição de atividades previamente definidas pelo professor
(Ribeiro & Ribeiro, 1990), nomeadamente as visitas a museus, que são vias
importantes para a aquisição de conhecimentos, uma vez que estes tem objetivos educativos
e dispõem de atividades variadas que podem proporcionar aos alunos”. (Ornelas, 2008, p. 2) .
A disciplina de Educação Tecnológica é
uma área educativa do currículo escolar onde o aluno pode adquirir conhecimentos, desenvolver capacidades, aprendizagens,
competências e atitudes nos domínios da tecnologia e da
técnica, que lhe possibilitam a construção de produtos ou objetos
concretos.
Servirá, também, para o motivar para
a observação, investigação e análise de factos e fenómenos do mundo da técnica
e da tecnologia, despertando-lhe o interesse pelas inovações tecnológicas que todos os dias nos surpreendem.
Mas
isto exige atitudes: atitudes
tecnológicas e atitudes técnicas
consistentes. A Educação Tecnológica deve, igualmente, ajudar-lhe a tomá-las.
E o que significam essas atitudes?
Enquanto que a atitude técnica é a predisposição
resultante de um problema técnico concreto a resolver, através da utilização
eficiente de instrumentos, ferramentas e processos adequados – é a atitude de
quem faz, a atitude tecnológica é
a atitude de quem analisa e estuda, isto é, perante o mesmo problema tenta
avaliá-lo de diferentes pontos de vista, no sentido da compreensão das suas
causas e implicações (funcionais, económicas, sociais, estéticas, ambientais,
etc.) que podem levar:
- à descoberta de soluções alternativas;
- à escolha da melhor solução.
É
a maior ou menor consciência na tomada destes dois tipos de atitudes (que se
complementam) que nos vai dar a dimensão da nossa cultura tecnológica.
Podemos então afirmar que:
-
A Educação Tecnológica não pode
existir sem cultura tecnológica, sob pena de ficar adulterada a solução do
problema ou imperfeito o produto final.
A disciplina de Educação Tecnológica
ajuda-lhe a enriquecer a sua cultura tecnológica e partir daí para uma melhor
compreensão do mundo técnico e tecnológico atual, proporcionando-lhe, nesse
âmbito, o desenvolvimento:
- do sentido crítico e social;
- do espírito científico;
- da capacidade de análise e comunicação;
- das suas aptidões técnicas e manuais.
O que o aluno pode fazer?
O
principal “centro de comandos” das atividades humanas encontra-se no cérebro; o
principal “centro de comandos” das atividades em Educação Tecnológica
encontra-se no objeto técnico,
isto é, nas coisas produzidas ou pela mão do Homem – objetos técnicos artesanais, ou pelas máquinas –
objetos técnicos industriais.
Pensar
e agir tecnologicamente (a essência desta disciplina) passa, portanto, por
estudar, projetar e concretizar objetos técnicos. Reside aqui todo o campo de
ação da Educação Tecnológica.
Texto: Prof. Jaime Andrade
Mapa da localidade do Curral das Freiras
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