quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

 Considerações sobre o conceito de Educação


            Hoje decidi tecer algumas considerações sobre o conceito de Educação, visto que como já vimos anteriormente, no projeto da tecnologia tradicional do linho, iremos abordar as Metas Curriculares do Ensino Básico, quer da Educação Tecnológica, quer da Educação Visual.

Entendemos por «Educação» o “processo que visa o desenvolvimento harmónico do ser humano nos seus aspetos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade”; o “processo de aquisição de conhecimentos e aptidões”; a “instrução”; e ainda a “adoção de comportamentos e atitudes correspondentes aos usos socialmente tidos como corretos e adequados; cortesia; polidez” (Definição de «Educação» segundo o Dicionário Online da Porto Editora, Infopédia).
Analisando o conceito etimologicamente,
“Educação é a forma nominalizada do verbo educar. Aproveitando a contribuição de Romanelli (1960), diremos que educação veio do verbo latim «educare». Nele, temos o prevérbio e- e o verbo – «ducare, ducere». No itálico, donde proveio o latim, «ducere» se prende a raiz indo-europeia DUK-, grau zero da raiz DEUK-, cuja aceção primitiva era levar, conduzir, guiar. «Educare», no latim, era um verbo que tinha o sentido de “criar (uma criança), nutrir, fazer crescer. Etimologicamente, poderíamos afirmar que educação, do verbo educar, significa “trazer a luz a ideia” ou filosoficamente fazer a criança passar da potencia ao ato, da virtualidade a realidade.” (Martins, 2005, p. 33)

Se atendermos apenas a estes conceitos parece ser percetível e ajuizada esta definição geral porque se enquadra naquilo que, no senso-comum, se entende realmente quando há referência a este conceito.
Cada criança é um indivíduo único, com um nível de desenvolvimento próprio que depende das suas capacidades, dos seus interesses, da influência cultural e social que tem, dos padrões de aprendizagem a que é submetido e do seu comportamento. Se algumas crianças retêm melhor o que ouvem ou preferem trabalhar individualmente, outras conservam aquilo que veem e aprendem melhor em grupo, e o mesmo se aplica a muito mais exemplos. Se todas aprendem de forma diferente, os métodos de ensino e aprendizagem devem apropriar-se a cada aprendizagem. Segundo a «IICBA’s Electronic Library» da Unesco, existem três formas distintas pelas quais as pessoas se podem relacionar umas com as outras: podem agir individualmente sem nunca interagirem com o outro, podem competir para ver quem é o melhor ou podem trabalhar colaborativamente para atingirem objetivos comuns. As três formas de aprendizagem referidas denominam-se por competitiva, individualista e cooperativa.


“A competição é baseada numa escassez concebida e em comparações sociais. Quando se exige a competição entre os alunos, estes trabalham um contra o outro para realizar uma meta que apenas um ou pouco alunos podem realizar. Esforços individualistas são baseados na independência e no isolamento dos outros. Assim, quando os alunos trabalham individualmente, aprendem a realizar metas de aprendizagem não relacionadas as dos outros. Por último, a cooperação e baseada em ações conjuntas para realizar objetivos mútuos. Quando estiverem a cooperar, os alunos procuram resultados que sejam benéficos tanto para si próprios, como para outros membros do grupo” (Johnson & Johnson, 1994, citado por Gonçalves, 2007, p. 164).


Alguns métodos e atividades de ensino são particularmente úteis na estruturação de esforços competitivos, individualizados e cooperativos de aprendizagem. Estes incluem práticas de trabalho em grupo, competição intergrupal, trabalho individualizado e aprendizagem ativa, entre outras. Entende-se por aprendizagem ativa a experimentação direta e imediata das aprendizagens que o aluno faz. De acordo com este método, as atividades propostas pelo professor permitem ao aluno aprender por sua própria iniciativa, uma vez que é ele que controla o processo – “o professor torna-se um observador-participante que impulsiona o desenvolvimento cognitivo do aluno, uma vez que os interesses e capacidades deste serão tanto mais promovidos quanto mais relevante for o seu papel na interação dos elementos da aprendizagem” (Ornelas, 2008, p. 2) (Oliveira, 1996, citado por Ornelas, 2008, p. 2). Dão-se primazia a processos de procura e descoberta, nas mais variadas situações, e as informações detidas pelo aluno surgem dentro de uma organização cognitiva construída por ele próprio, que lhe permitem pesquisar as informações necessárias, trabalhá-las e modificá-las, levantar hipóteses e tomar decisões.

“A relação da escola com entidades externas possibilita aos alunos uma perceção da realidade movida pela oportunidade de experimentar e descobrir de forma autónoma, abrindo caminho a aquisição de conceitos, aquisição esta que estará dependente dos seus atos de descoberta e poderá conduzir ao sucesso escolar. Como estratégia, as visitas de estudo devem ser contempladas na definição de atividades previamente definidas pelo professor (Ribeiro & Ribeiro, 1990), nomeadamente as visitas a museus, que são vias importantes para a aquisição de conhecimentos, uma vez que estes tem objetivos educativos e dispõem de atividades variadas que podem proporcionar aos alunos”. (Ornelas, 2008, p. 2).

A disciplina de Educação Tecnológica é uma área educativa do currículo escolar onde o aluno pode adquirir conhecimentos, desenvolver capacidades, aprendizagens, competências e atitudes nos domínios da tecnologia e da técnica, que lhe possibilitam a construção de produtos ou objetos concretos.

 Da conclusão anterior podemos deduzir que a Educação Tecnológica serve para aprender a ligar os conhecimentos através de realizações práticas precisas – conhecimento e saber em ação.
            Servirá, também, para o motivar para a observação, investigação e análise de factos e fenómenos do mundo da técnica e da tecnologia, despertando-lhe o interesse pelas inovações tecnológicas que todos os dias nos surpreendem.
Mas isto exige atitudes: atitudes tecnológicas e atitudes técnicas consistentes. A Educação Tecnológica deve, igualmente, ajudar-lhe a tomá-las.
            E o que significam essas atitudes?
            Enquanto que a atitude técnica é a predisposição resultante de um problema técnico concreto a resolver, através da utilização eficiente de instrumentos, ferramentas e processos adequados – é a atitude de quem faz, a atitude tecnológica é a atitude de quem analisa e estuda, isto é, perante o mesmo problema tenta avaliá-lo de diferentes pontos de vista, no sentido da compreensão das suas causas e implicações (funcionais, económicas, sociais, estéticas, ambientais, etc.) que podem levar:
- à descoberta de soluções alternativas;
      - à escolha da melhor solução.
É a maior ou menor consciência na tomada destes dois tipos de atitudes (que se complementam) que nos vai dar a dimensão da nossa cultura tecnológica.
            Podemos então afirmar que:
- A Educação Tecnológica não pode existir sem cultura tecnológica, sob pena de ficar adulterada a solução do problema ou imperfeito o produto final.
            A disciplina de Educação Tecnológica ajuda-lhe a enriquecer a sua cultura tecnológica e partir daí para uma melhor compreensão do mundo técnico e tecnológico atual, proporcionando-lhe, nesse âmbito, o desenvolvimento:
- do sentido crítico e social;
- do espírito científico;
- da capacidade de análise e comunicação;
- das suas aptidões técnicas e manuais.
            O que o aluno pode fazer?
O principal “centro de comandos” das atividades humanas encontra-se no cérebro; o principal “centro de comandos” das atividades em Educação Tecnológica encontra-se no objeto técnico, isto é, nas coisas produzidas ou pela mão do Homem – objetos técnicos artesanais, ou pelas máquinas – objetos técnicos industriais.
Pensar e agir tecnologicamente (a essência desta disciplina) passa, portanto, por estudar, projetar e concretizar objetos técnicos. Reside aqui todo o campo de ação da Educação Tecnológica.

Texto: Prof. Jaime Andrade


Mapa da localidade do Curral das Freiras


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